Ex-reeducando denuncia que foi alvejado com tiro de bala de borracha disparada por agente dentro da Unidade Prisional de Ceres
Ex-detento disse que por estar passando mal e insistir em pedir atendimento médico, o agente prisional mirou com uma espingarda calibre 12 na região dos seus órgãos genitais e fez o disparo. Ferido e com intenso sangramento ele alega que foi levado ao hospital somente três horas depois onde fizeram somente um curativo. Após quatro dias ele passou por cirurgia.
Uma agressão sofrida dentro da Unidade Prisional de Ceres mudou completamente a vida de um ex-detento. Ele alega que após insistir em pedir atendimento médico por estar passando mal, um agente prisional mirou na região dos seus órgãos genitais e atirou com uma espingarda calibre 12 municiada com balas de borracha.
Segundo o ex-reeducando o tiro foi disparado pelo agente prisional Leonardo Marques Farias e após ser alvejado ainda ficou mais de duas horas sentindo fortes dores e com intenso sangramento até que foi levado para atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Ceres onde fizeram somente um curativo. Em seguida ele foi levado de volta para a Unidade Prisional onde ficou por quatro dias sentindo dores insuportáveis.
Ainda de acordo com o ex-reeducando, após quatro dias sentindo fortes dores e novamente insistindo muito, ele foi levado ao Hospital São Pio X onde passou por cirurgia para fazer a retirada dos projéteis da bala e do pedaço da cápsula que estava alojada em seus testículos.
“Quase perdi meus órgãos genitais, porque passou sábado, domingo e segunda com três balas de borracha dentro do meu testículo e um pedaço da cápsula da espingarda calibre 12 [...] Eles estavam sendo negligentes, não queriam me levar no hospital. Eu que perturbei muito”, disse.
O ex-reeducando alega também que mesmo sentindo dores insuportáveis ainda foi ameaçado pelo diretor da Unidade Prisional de Ceres, Guilherme Soares Vieira.
Por causa do ferimento causado pelo disparo, o ex-detento afirma que ficou estéril e não pode mais gerar filhos.
“Quero fazer mais um filho e não posso, por causa de um absurdo aí, uma sacanagem que aconteceu comigo. Um abuso de poder dentro da Unidade Prisional de Ceres [...]”, afirma.
No dia 16 de março de 2018 o então reeducando foi levado para a Delegacia de Polícia Civil onde prestou depoimento acerca do tiro que levou dentro da Unidade Prisional de Ceres. Ele alega também que estava trancado dentro da cela e não oferecia nenhum risco quando foi alvejado pelo agente prisional.
O fato já está sendo apurado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), Polícia Civil, Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial e Penitenciária e pela Procuradoria Geral de
Os crimes de tortura e o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana
A tortura expressa tormento, transe aflitivo, podendo ser por agressão física ou psicológica. Ela é considerada a maneira mais bárbara e humilhante à qual um ser humano submete outro, causando pânico, dor, desgaste física, emocional e moral e ainda, pode desequilibrar psicologicamente, produzindo lesões, contusões funcionalmente anormais ao corpo ou as faculdade mentais. Os direitos à vida e à integridade física e psíquica são garantias indispensáveis à expressão da dignidade da pessoa humana e a violação destas garantias através da prática de tortura implica no abandono de todos os princípios apregoados pela Constituição Federal de 1988.
Os crimes de tortura ferem todos os direitos essenciais à vida. Existem vários tipos de tortura, que agridem tanto fisicamente, quanto psicológica e emocionalmente. Mas, todas as formas têm em comum o fato de que degradam e destroem a dignidade humana. Seus efeitos sobre a vida humana são devastadores e em muitas vezes irreversíveis.
Infelizmente, a violência é estruturante no sistema prisional e vem se mostrando de forma cada vez mais aguda devido ao quadro de encarceramento massivo que vivemos. Da tortura explícita, passando pelo aprisionamento em condições degradantes até a revista vexatória, há inúmeras formas de infligir intenso sofrimento à pessoa privada de liberdade e seus familiares. Assim, reservamos este espaço para os membros do grupo Torturas Nunca Mais, vítimas, familiares e outros interessados que queiram denunciar tais situações, nos comprometendo a encaminhar os relatos para as autoridades competentes e acompanhar seu resultado.
O grupo Torturas Nunca Mais, de Atendimento a reeducados e familiares, é um serviço em parceria com o Ministério Publico de Goiás, Ministério Publico Federal, Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos (MDH). É uma política pública essencial para o enfrentamento à violência contra pessoas encarceradas que esteja passando por torturas físicas, mentais, abuso de autoridade e tortura física em âmbito nacional.
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