Terça-Feira, 01 de Abril de 2025

Logo
Logo
Domingo, 09 de Junho de 2019
POR: Equipe Valle
Tipos de torturas praticadas por agentes Prisionais em Ceres no período de 2013 até meados de 2019
Torturas Nunca Mais

As práticas possuem uma estreita ligação com técnicas desenvolvidas no período do regime militar as quais eram usadas para torturar presos. Supõe-se que essas técnicas foram trazidas a partir do dia em que a direção da Unidade Prisional assumiu o controle da cadeia de Ceres e eram colocadas em prática por diretores, supervisores e alguns agentes prisionais que trabalharam na unidade no período de 2013 até meados de 2019.

 

Alguns reeducados relataram ao Valle Notícias que já estiveram presos na unidade quando era administrada pela Polícia Civil e todos disseram que nesta época os reeducados eram tratados com respeito e dignidade.

 

De acordo com as denúncias narradas com riqueza de detalhes ao Valle Notícias, as torturas dentro da unidade – cada qual com um nome específico – foram praticadas durante o período que ficou sob a coordenação pelo ex-diretor G S V.

 

Uma delas é a “mão de vaca”, que consistia em pegar a mão do detento, dobrando-a para dentro, forçando a articulação do pulso, causando dor intensa. Este método quase nunca era utilizado isoladamente. De acordo com os relatos, sempre era com o preso algemado e com a presença de quatro ou mais agentes prisionais, inclusive diante do ex-diretor G S V e do ex-supervisor R P C.  

 

Na técnica “escorpião” o preso era algemado com as mãos para trás e os pés introduzidos no espaço entre os braços fazendo com o que o torturado sofra intensa dor física. Um ex-reeducando relata que sofreu essa tortura e no mesmo dia presenciou outro reeducando sendo torturado com essa técnica o qual ficou na “posição de escorpião” por mais de uma hora sentindo fortes dores.

 

De acordo com a denúncia, em outra técnica de tortura usada pelos agentes, a “asfixia”, uma sacola plástica era colocada na cabeça do reeducando, deixando-o asfixiado, impossibilitado de respirar, enquanto era espancado com socos e chutes na altura das costelas e dos rins. Em um dos relatos foi denunciado que o próprio diretor chegou a aplicar esse tipo de tortura.

 

Entre outros tipos de torturas foram relatados também o “apagão” ou “sossega leão” usado para sufocar o reeducando pelo pescoço até desmaiar e em seguida jogando água gelada na cabeça para acordá-lo novamente. A “palmatória”, uma tábua de madeira pesada utilizada em conjunto com outras formas de tortura com o objetivo de aumentar o sofrimento do reeducando, os presos eram agredidos em várias partes do corpo, principalmente na palma das mãos e na planta dos pés causando dores insuportáveis.

 

Em meio a série de relatos está também o de Josenaldo Vilela Araújo que segundo ele por estar passando mal e insistir em pedir atendimento médico, o agente prisional Leonardo Marques Farias mirou com uma espingarda calibre 12 na região dos seus órgãos genitais e efetuou um disparo. Ferido e com intenso sangramento ele alega que somente após duas horas foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Ceres onde fizeram somente um curativo e em seguida levado novamente para a unidade prisional. Após quatro dias ele foi levado para o hospital onde passou por cirurgia. Por fim, ele alega que ainda ficou por trinta dias dentro de uma sela denominada latão, sem colchão, deitado no chão e sem atendimento médico sentindo dores insuportáveis.

 

 

* Use o formulário abaixo para enviar uma denúncia: