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Sexta-Feira, 21 de Fevereiro de 2025
POR: Equipe Valle
Pai de menino que morreu trancado em carro diz que descobriu morte após ser chamado a hospital: 'Choque'
Policia
Pai conta que não sabia da gravidade até chegar ao hospital onde tentavam reanimar o filho. Salomão, de 2 anos, morreu após dona de creche deixá-lo preso dentro de carro fechado por quatro horas, em Nerópolis.
 
O pai do menino que morreu após ficar trancado dentro de um carro contou que a esposa recebeu uma ligação para a família ir ao hospital em que o filho estava, mas não explicaram a gravidade da situação, em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia. Ao chegar ao hospital, o analista comercial Vilmar Faustino descobriu que a equipe tentava reanimar o filho, Salomão Rodrigues Faustino, de 2 anos.
 
“Eles ligaram para ela ir até o hospital, pois o Salomão estava lá. Não falaram o que aconteceu ou qual era a gravidade da situação. A gente chegou lá e a gente recebeu um choque, pois não esperava que era algo daquela magnitude. Ele estava em reanimação para tentar ver se ele voltava. Logo mais a gente recebeu a notícia de que ele tinha vindo à óbito”, contou o pai.
 

Salomão morreu na tarde de terça-feira (18), após ser deixado trancado e com vidros fechados dentro de carro, por quatro horas, pela dona da creche que frequentava, Flaviane Lima. A empresária também era a responsável por pegar o menino em casa e levá-lo ao berçário. Ela está presa.

 

Em nota, a defesa da dona da creche disse que a empresária está "está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida". O advogado Giovanni Caldas Vieira Machado escreveu ainda que a mulher fez cursos em primeiros-socorros e que tentou salvar a criança. "Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada", afirmou ainda a defesa (confira a nota completa ao final da matéria).

Entenda o caso

 

Durante a audiência de custódia, Flaviane contou que, quando chegou ao berçário, entrou e deixou a criança no banco de trás do veículo, presa na cadeirinha. "Desci na porta do berçário e entrei. Eu subi e fiz minha rotina por volta de quatro horas", detalhou.

 

Em depoimento à Polícia Civil, a empresária afirmou que iria receber três novas crianças e, por estar focada nisso, se esqueceu do menino. Uma dor de cabeça fez a dona da creche voltar ao carro para ir para casa (veja o vídeo do depoimento abaixo).

 

"Falei para uma das tias que eu ia embora, pois estava com muita dor de cabeça. Quando eu abri o carro, o Salomão dobrou o corpinho dele na cadeirinha. Quando vi, desamarrei rápido da cadeirinha e levei ele para dentro. A gente ligou para os bombeiros. Eu tentei fazer os primeiros socorros, mas a gente percebeu ali que ele já não estava mais", declarou em depoimento.

 

Quando a dona da creche percebeu o que havia ocorrido, acionou o Corpo de Bombeiros. Salomão foi levado para o Hospital Sagrado Coração de Jesus, mas não resistiu.

 

De acordo com o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), naquela tarde, a temperatura na cidade era de 33.5 ºC.

 

 

Mãe desabafa

 

Durante o velório do pequeno, na terça-feira (19), a inspetora de qualidade Giselle Faustino, mãe de Salomão, precisou ser amparada pelo Corpo de Bombeiros. Em publicação nas redes sociais, ela disse queestá vivendo um pesadelo e não sabe como irá viver sem o filho.

 

Ela lamentou ter vivido com o filho por tão pouco. O menino havia completado 2 anos no dia 5 de fevereiro, pouco menos de duas semanas antes de sua partida.

 

“Como eu chegarei em casa agora e não presenciarei sua alegria?! (...) Eu não consigo fechar o olho sem imaginar seu sofrimento. Perdoa a mamãe, meu amor. Eu queria fazer tanto por você”, declarou Giselle.

Salomão Faustino, que morreu após ser esquecido dentro de carro por dona de creche, e a mãe Giselle Faustino, em Goiás — Foto: Reprodução/Redes sociais de Giselle Faustino

Salomão Faustino, que morreu após ser esquecido dentro de carro por dona de creche, e a mãe Giselle Faustino, em Goiás — Foto: Reprodução/Redes sociais de Giselle Faustino

Nota da defesa

 

É fundamental lembrar que estamos diante de uma perda irreparável. Uma criança perdeu a vida, e isso é algo devastador para todos os envolvidos. Deixamos nossos sentimentos, em especial, aos familiares. A cidade de Nerópolis está em silêncio, é possível sentir nas ruas o peso e a dor do ocorrido.

 

Minha cliente, trabalha com crianças e jovens há anos, sempre foi uma pessoa responsável e cuidadosa e , está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida. A creche conta com registro do cadastro de pessoa jurídica e alvarás de funcionamento.

 

Minha cliente preza pela preparação, tendo cursos na área de pedagogia e primeiros socorros. Justamente para estar preparada para qualquer emergência. Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada. Assim que percebeu o que havia acontecido, em completo desespero, tentou reanimar a criança e buscou socorro imediato dos bombeiros. Infelizmente, o pior já havia ocorrido.

 

Não há a tentativa de se esquivar da responsabilidade. No momento da prisão em flagrante pela polícia minha cliente estava, na companhia de seu companheiro, a caminho do distrito policial para se apresentar. Confiamos na investigação em andamento pela Polícia Civil e na atuação da Justiça.

 

A família da minha cliente informa que a creche não foi aberta hoje e provavelmente não voltará a abrir, em vista do abalo emocional. Infelizmente, um acidente devastador para todos, fazendo vítimas em todas as famílias envolvidas.